Grupo gaúcho adota sistema zero de resíduos em empresa

Mitigar o passivo ambiental dentro de seu centro industrial e ampliar a ação aos clientes.
Esse é o principal objetivo da Termoplástico Indústria e Comércio de Plásticos, empresa voltada à reciclagem de galhos e rebarbas de polímeros, criada em 2009, mas que começou a alçar voos mais ousados em 2010: trata-se de mais um investimento do grupo Fleckstan de Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul, e que foi idealizado com base no conceito de sistema zero de resíduos, o qual prevê a responsabilidade da empresa geradora dos componentes sobre todos os seus resíduos, inclusive dos transformadores que compram sua matéria-prima.
O plano de voo inclui a autossuficiência da empresa na reciclagem de todos os resíduos gerados por ela e por seus clientes.
Na verdade, a Termoplástico recicla os resíduos industriais da Flexbox, o braço da Fleckstan para chapas de EVA, TPU e não tecidos de poliéster confeccionados com compostos estirênicos empregados na fabricação de componentes para calçados, notadamente contrafortes, couraças e palmilhas sintéticas.
As palmilhas são confeccionadas com compostos de poliéster e materiais estirênicos. Os contrafortes e couraças de EVA e TPU são principalmente empregados em sapatos para proteção industrial, calçados femininos e esportivos, em chuteiras por exemplo.
Antes do surgimento da Termoplástico, explica o diretor industrial Gustavo Fleck, esse cliente enviava os galhos e as rebarbas para o aterro de resíduos sólidos industriais.
Agora, a Flexbox recolhe o material e recicla na Termoplástico. “Eu sou responsável pelo rejeito do meu cliente. Foi uma decisão política da empresa em busca do descarte zero no ambiente. Antes, ele enfardava e pagava para mandar ao aterro sanitário”, reforça Fleck.
Segundo o empresário, a coleta de rebarbas é realizada pelo distribuidor dos produtos da Fleckstan que coleta e armazena os resíduos.
No momento em que existe volume suficiente para lotar um contêiner, ele fatura e a Flexbox recompra, repassando o material para a Termoplástico moer e extrudar.
A operação envolve 500 toneladas de rejeitos industriais, o equivalente a um milhão de metros quadrados, sendo que, 40% estão no Rio Grande do Sul e os 60% restantes se espalham pelo Brasil e países da América Latina e México.

Atualmente, a Boxflex abastece a Termoplástico com resíduos provenientes do território brasileiro e dos clientes do grupo Fleckstan da América Latina, inclusive México.
A Fleckstan ainda não retorna seus materiais da China pela dificuldade de transporte e pelo imenso território, uma vez que se torna um desafio e tanto reunir volumes em tonelagens num esquema logístico eficiente sob o ponto de vista econômico.
Fleck confessa que ainda não tem capacidade de trazer da China os rejeitos que gera por lá.
Entretanto, adianta que a engenharia para promover o retorno do material do Extremo Oriente está em elaboração. Em sua opinião, a primeira carga proveniente do território chinês, em caráter piloto, pode chegar a Novo Hamburgo até o final de 2011.
Outro desafio agora é reciclar os não tecidos de poliéster com material estirênico das palmilhas.
Em médio prazo, Fleck quer colocar 100% do resíduo gerado pela Boxflex dentro do sistema de recuperação da Termoplástico.
O grupo Fleckstan conta com 370 funcionários. Desses, 110 estão lotados na Bloxflex. O Termoplástico absorve 20 funcionários.
A companhia faturou R$ 101 milhões em 2010 e a Boxflex respondeu por 50% do total, sendo que R$ 25 milhões foram obtidos por conta das operações de exportação.
Os maiores mercados são México, América Latina e China, mas a empresa atende ainda o Uruguai, a Argentina e o Peru.
O grupo Fleckstan é formado pelas empresas Boxflex Componentes para Calçados, Pollibox Termoplásticos, Duvinil Componentes para Calçados, Termoplástico Indústria e Comércio de Plásticos, Ecogreen Componentes para Calçados, Hamburgo Village Incorporações e MNX Empreendimentos e Construções.
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