Masterbatch: Setor renova portfólio com fórmulas especiais
O mercado de masterbatches passa por um momento de renovação. Ser um mero fornecedor de commodities não faz muito sentido nos dias atuais. A perda da competitividade seria deletéria. Por isso, as empresas buscam ir além do básico, impondo um criterioso padrão de qualidade, com formulações funcionais e altamente técnicas. Os números do setor são imprecisos e dizem pouco sobre o abastecimento de masterbatch no país, porém, mais do que toneladas, os desenvolvimentos das companhias trazem em seu DNA um quê de inovação e refletem a ânsia dos industriais por diferenciação. Na prática, o que se vê são investimentos cada vez mais substanciosos em especialidades, numa tentativa de angariar uma maior fatia do mercado.

A receita para o desenvolvimento de um masterbatch não é das mais complexas. A adição de um conhecimento básico para a composição de agente dispersante, pigmento e resina veículo, em meio a uma infraestrutura mínima de extrusora, peletizadora e periféricos seria o bastante. Até seria, se o produto escolhido fosse commodity. Mas, em geral, não é. Hoje, as empresas buscam complementar o portfólio considerado de combate (aquele no qual o preço predomina), com linhas especiais. “O consumidor brasileiro gosta de produto de valor agregado e quando percebe este valor se torna disposto a pagar pelo mesmo”, destaca Sérgio Bianchini, gerente de negócios, desenvolvimento e marketing da Ampacet.
Os masterbatches commodities têm como características principais a baixa exigência técnica e a alta escala, enquanto a especialidade exige um amplo conhecimento, e esmero em relação aos componentes – no caso, diferenciados –, à produção e ao controle operacional, além de uma criteriosa atenção à sua correta aplicação. “Os elementos de formulação, tais como pigmentos e aditivos, devem ser escolhidos dentre aqueles de alta performance, observando interações químicas e físicas, para garantir o resultado desejado”, comenta Juelso Ronchini, gerente de produto América Latina da Clariant. Segundo ele, aliás, a diferença entre os dois tipos está basicamente na estrutura adequada de serviços pré e pós-venda, na tecnologia de ponta empregada e no suporte técnico, no caso, imprescindível.
Apinhado de fornecedores, o setor se envereda justamente por este caminho: o mais difícil, ou melhor: o mais técnico. “Vejo que o grande diferenciador entre os fabricantes de masterbatches é a sua capacidade de desenvolver projetos e aplicações usando as novas moléculas, nanopartículas ou outro componente, de forma que constituam os novos produtos e aplicações”, comenta Bianchini, da Ampacet. Na sua opinião, aliás, somente as companhias munidas de um departamento de pesquisa conseguem capturar essas novas moléculas para desenvolver linhas diferenciadas.

A norte-americana Ampacet se insere nessa categoria e aposta, por exemplo, no mercado de masterbatches para os plásticos de engenharia. “Este é um segmento que cresce e, para uma empresa que está em franco processo de crescimento e expansão global, este mercado claramente não pode ser desconsiderado”, comenta Bianchini. A saber: embora globalmente ofereça este tipo de produto, no momento, não o desenvolve na América do Sul. Do ponto de vista técnico, a sua estrutura local – duas plantas: uma na Bahia e a outra em São Paulo – não apresenta limitações para a formulação de especialidades. Trata-se de uma estratégia, simplesmente.
Mas, nem por isso, as unidades brasileiras deixam de receber investimentos. Em 2011, a companhia inaugurou um site com capacidade instalada superior a 5.500 toneladas de masterbatches, na planta baiana, e em 2012 ampliou suas instalações de coloridos em São Paulo, dobrando sua capacidade instalada. “Estamos pensando em futuros projetos para a planta em Camaçari”, comenta o gerente, sem revelar detalhes.
Líder mundial na produção de masterbatches, a Ampacet oferece uma ampla gama de cores e efeitos exclusivos, assim como brancos, negros e aditivos desenvolvidos para atender a diversos tipos de aplicações, como filmes bolha e plano, moldagem por sopro e injeção, e extrusão de tubos, entre outros. Ao todo, são 21 plantas em 15 países e quatro centros de pesquisa e desenvolvimento. Esta infraestrutura dá suporte para lançamentos diferenciados. Os mais recentes são do início do ano.