Surgidos quando a economia global passou a se reaquecer após os impactos iniciais da pandemia, os problemas de abastecimento de matérias-primas – aço, resinas, borrachas, entre outras – talvez estimulem indústrias a alterarem os perfis de seus investimentos em máquinas e equipamentos.
“Preocupadas com esses problemas, elas talvez pensem em mudança de matérias-primas, por exemplo, trocando um plástico por outro. E isso pode exigir investimentos em máquinas”, pondera Marcelo Azevedo, gerente de análise econômica da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Ele projeta recuperação “lenta, mas constante” nesse abastecimento de matérias-primas, com exceção, possivelmente, dos semicondutores, cuja escassez prejudica a indústria automobilística, e também outros insumos que devem demorar um pouco mais para ter o abastecimento normalizado.
No final do ano passado, a CNI projetou dois cenários distintos para a evolução do PIB industrial brasileiro no decorrer deste ano.
Um deles, “otimista”, com os gargalos produtivos em quesitos como logística e preços de matérias-primas e insumos resolvidos já no primeiro semestre, aponta crescimento de 1,5%.
Por sua vez, o cenário “pessimista” considera, além da permanência desses gargalos, maiores dificuldades na economia global e cenário inflacionário mais desfavorável; nesse caso, o PIB da indústria brasileira de transformação poderia cair 2,5%.
Marcelo Azevedo, gerente de análise econômica da Confederação Nacional da Indústria (CNI)
“Creio em um cenário intermediário entre esses dois extremos”, diz Azevedo.