Economia Circular – Bons exemplos vêm dos campos
Das embalagens aos filmes, bons exemplos vêm dos campos

Das embalagens aos filmes, bons exemplos vêm dos campos
Desde há muito tempo, o agronegócio constitui um dos principais pilares da atividade econômica brasileira. E não apenas pelas enormes dimensões que ele aqui atingiu, mas também por ter conseguido uma inserção global que o coloca entre os setores sempre menos afetados pelas constantes crises econômicas.

O Brasil se consolidou entre os principais fornecedores mundiais de alimentos e assumiu posição de destaque nos mercados globais de soja, cana-de-açúcar, carnes, milho, café, frutas, entre outros produtos agrícolas e pecuários. Mas menos conhecido é o fato de ser o país também um dos líderes mundiais na correta destinação das embalagens de agroquímicos, entre quais se destacam bombonas e frascos de polietileno de alta densidade, bem como suas respectivas tampas, feitas de polipropileno.

Após o uso, são recuperadas 94% das embalagens plásticas primárias de defensivos – aquelas que entram em contato direto com o produto – colocadas em circulação no mercado nacional; posteriormente, 95% dos polímeros nelas contidos são reciclados (os restantes 5%, compostos principalmente por embalagens flexíveis, são incinerados).
“Nenhum outro país tem números tão bons de destinação correta de embalagens de agroquímicos”, orgulha-se Renata Nishio, gerente de Destinação Final e de Desenvolvimento Tecnológico do inpEV (Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias), entidade mantida pela indústria de defensivos para gerir a logística reversa das embalagens de agroquímicos no Brasil.
Batizado de Campo Limpo, o sistema coordenado pelo inpEV tem sua vertente mais onerosa – a logística e a destinação final, consumidoras de aproximadamente 85% do total de recursos – bancada pelos fabricantes de defensivos. Mas, como determina a Lei nº 9.974/00, a responsabilidade por sua implementação é compartilhada com os demais integrantes dessa cadeia: produtores rurais, varejistas, distribuidores e governo, que também devem se envolver no processo.
Os produtores são obrigados a realizar um sistema normatizado de limpeza das embalagens. Pode ser a chamada ‘tríplice lavagem’, ou a lavagem sob pressão; feito isso, devem entregar as embalagens nas centrais de recebimento do sistema, construídas e administradas pelos canais de distribuição (casos dos revendedores e das cooperativas de produtores). Já há, atualmente, mais de quatrocentas dessas centrais (ver quadro com os números do Sistema Campo Limpo). Por sua vez, o governo deve promover campanhas de conscientização sobre a necessidade dessa correta destinação.
Além dos plásticos, outros materiais utilizados nas embalagens de agroquímicos, como papel, papelão e metais, também são recuperados e em sua maior parte reciclados pelo sistema, que, de acordo com Renata, somente neste ano deverá receber 46 mil toneladas de materiais, quase todos feitos de plástico.