Os investimentos previstos em melhorias na infraestrutura urbana brasileira para os próximos anos ainda são incalculáveis, mas já mobilizam toda a cadeia de compósitos. Empresas nacionais e internacionais, fortes candidatas a atender a uma boa parte da demanda de máquinas e artefatos estruturais, de alto desempenho, fabricados com termofixos, se agitam com a perspectiva de inversões em setores como saneamento básico, energia e transportes, entre outros.
A expansão na oferta de transporte público em regiões metropolitanas, como São Paulo, Rio de Janeiro e Recife, tornou-se imperiosa diante das necessidades de deslocamento dos contingentes populacionais, representando uma das iniciativas que deverão impulsionar a demanda por compósitos nos próximos anos. Só em São Paulo, o plano de expansão nos transportes previsto pelo governo do Estado, a ser executado até 2014, prevê a compra de mais de uma centena de novos trens para o metrô e a reforma de boa parte da frota em operação, demandando, portanto, vários processos de licitação para a compra de assentos, painéis e demais componentes internos, fabricados com resinas especiais termofixas, nesse caso, com propriedades autoextinguíveis e de baixa emissão de fumaça.
As homologações de resinas especiais termofixas e com propriedades autoextinguíveis e antifumaça, voltadas à fabricação de diversos tipos de peças e componentes de maior exigência quanto à segurança, para aplicações em metrôs, ônibus, trens, estádios, entre outros locais de grande acesso público, representam um dos pontos de partida para instalar no país novas frentes de desenvolvimento e aplicação para os materiais compósitos.
Nova geração de resinas– A Cray Valley do Brasil, empresa do grupo francês Total, quarto maior produtor mundial de petróleo e gás, já vem fabricando localmente nova geração de resinas diferenciadas, em poliéster insaturado, dos
tipos ortoftálicas e tereftálicas, além de gelcoats especiais, que conferem características superiores aos artefatos termofixos.
A nova geração de resinas de poliéster insaturado, pertencente à família de resinas Enydyne, tem por base o diciclopentadieno, também conhecido pela sigla DCPD, e conta com vários grades para atender a diferentes processos, como spray-ups e hand lay-ups convencionais, utilizados na fabricação de piscinas, orelhões, guaridas, incluindo moldagens abertas com altos teores de carga e moldagens fechadas.
“A nova linha de resinas para laminação por processos spray-up e hand lay-up em base DCPD atenderá às aplicações convencionais, com vantagens, principalmente relacionadas com o acabamento de superfície dos artefatos e redução significativa da volatização de estireno”, informou Antonio Carnizelli, gerente técnico de desenvolvimento da Cray Valley do Brasil.
O DCPD também oferece base às resinas de poliéster insaturado para aplicações em processos de moldagem fechada como RTM (Resin Transfer Molding), envolvendo a fabricação de componentes automotivos, como capôs e para-lamas de veículos pesados, máquinas agrícolas, ônibus e caminhões, e processos de RTM light que, além de componentes automotivos, também encontraram grande mercado em torres de resfriamento. “As novas resinas para RTM e RTM light são fruto da busca pela excelência em resinas para essas aplicações, seguindo os padrões europeus”, comentou Carnizelli.
A linha de resinas em base DCPD da empresa também atende à produção de pás eólicas, muito requisitadas no mundo todo em razão da busca de energias mais limpas e de menor impacto sobre o meio ambiente. Outro campo de forte atuação dessas termofixas é a fabricação de embarcações de grandes dimensões, acima de 40 pés, produzidas por infusão a vácuo, e que resultam em peças com acabamento superior.
A série de resinas para infusão Enydyne N50, especialmente desenvolvida para aplicações no mercado náutico, é baseada em bisfenol hidrogenado e DCPD, apresentando baixas viscosidade, isotermia (sinônimo de pouca distorção nas superfícies) e absorção de água.
“Com pouco teor de estireno, a linha de resinas com DCPD apresenta baixíssima viscosidade e baixa isotermia e proporciona ótima umectação das fibras, reduzindo o seu afloramento. Os resultados são significativamente superiores por causa da cura uniforme, independentemente da espessura dos laminados, e das menores contrações lineares e marcações das fibras de vidro, podendo-se contar com uma resina com alto teor de sólidos e com baixo teor de monômero de estireno, que pode ser reduzido a 10% nas formulações”, afirmou Carnizelli. A empresa também se lançou no desenvolvimento de resinas para reatores elétricos, com ótima cura, alto teor de sólidos e excelentes propriedades dielétricas. A nova safra ainda inclui resinas para mármores sintéticos, também em base DCPD.